segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A DOR QUE DÓI MAIS



Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

Martha Medeiros

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

20 de novembro: Dia Nacional da Consciência Negra

Para Zumbi, o mais importante não era viver livre,
mas libertar todos os negros ainda escravos!

Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência anti-escravagista.

Estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos

DIA NACIONAL DA CONCIÊNCIA NEGRA

A cada ano, o dia 20 de novembro se consolida como uma data de grande significado no calendário histórico nacional.
A memória de Zumbi dos Palmares reafirma-se no panteão dos heróis que escreveram, com a própria vida, a história do povo brasileiro, na luta por ideais grandiosos, tais como igualdade e justiça social.
O Quilombo dos Palmares é um dos principais símbolos da resistência negra na época da escravidão, também conhecido por Angola Janga, que significa Angola Pequena. Localizava-se na Serra da Barriga, atual Estado de Alagoas, local de grandes plantações de cana-de-açúcar.

Durante cem anos (1595-1695), Palmares constituiu um foco de resistência aos ataques da Coroa, conseguindo também ter uma vida social extremamente organizada, chegando a contar, em 1640, segundo os holandeses, quase dez mil quilombolas.
Era de interesse dos grandes proprietários de terra aniquilar Palmares, para tentar recuperar escravos e para evitar que, tendo Palmares como referência, os escravos tivessem maior motivação para a fuga.
Para Zumbi, o mais importante não era viver livre, mas libertar todos os negros ainda escravos.
Em função da sua expressão histórica e da resistência que representa,o dia 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares, foi adotado pelo Movimento Negro Brasileiro como o Dia Nacional da Consciência Negra, data que é celebrada em todo o país.

sábado, 14 de novembro de 2009

Entrevista com Thalita Rebouças

O MUNDO COR DE ROSA DE UMA ESCRITORA POP
Por
Ramon Mello

Uma mulher bonita, com jeito de adolescente e rosto de menina, que (literalmente) fala a linguagem da garotada.

O nome dela é Thalita Rebouças, um fenômeno editorial que parece ter vindo para conquistar seu espaço entre os adolescentes, principalmente entre as meninas.

Fala Sério, Amor! (editora Rocco) – último volume da série Retratos de Malu - é o novo livro dessa carioca que optou por abandonar as redações de jornais para se dedicar ao sonho de fazer literatura.
Resultado?
Hoje ela é uma espécie de “Xuxa” do meio literário, vendendo mais do que muita gente graúda.

Fui entrevistar a escritora em seu lançamento, no dia 19 de maio, na Livraria Siciliano, no Leblon. Cheguei meia-hora mais cedo e a fila de autógrafo, lotada de adolescentes acompanhada dos pais, já estava na esquina da Avenida Ataulfo de Paiva. Então resolvi sentar na padaria do outro lado da esquina e tomar uma cerveja para fazer uma horinha...A espera não adiantou muito. O jeito foi conversar no intervalo de um autógrafo e outro.
A escritora pop falava com seu público com a intimidade de melhor amiga, posava para fotos e ainda passava batom para deixar a marca da boca no livro autografado. E as adolescentes se comportavam como se estivesse na frente de um ídolo da TV.

Click(IN)VERSOS – Você é formada em jornalismo. Como aconteceu essa transição para a literatura?

THALITA REBOUÇAS - Eu gosto muito de inventar histórias e o jornalista não pode inventá-las. E eu gosto de contar um conto e aumentar um ponto... Sempre fui assim. É muito bom criar histórias, muito melhor do que falar da realidade. Ainda mais para essa galera que dá um retorno tão bacana para mim.

Click(IN)VERSOS – Quando você começou, imaginou que chegaria a vender 70 mil exemplares?

THALITA REBOUÇAS - Quando eu comecei a escrever e ainda era jornalista tinha o sonho de viver de literatura. Minha família foi “suuuperfofa” quando eu disse que queria dar um tempo com o jornalismo e me dedicar à literatura: “Tá maluca? Vai morrer de fome, ninguém lê neste país!” Foi um incentivo e tanto. Resolvi peitar meus medos e minha insegurança para tentar alcançar meu objetivo. Batalhei muito para chegar até aqui. Fico feliz por não ter desistido no meio do caminho, tudo está acontecendo de uma maneira muito bonita. Claro que não imaginei que teria fãs, que receberia mensagens tão emocionantes de adolescentes, pais, professores, que receberia tanto carinho...

Click(IN)VERSOS – Como é escrever literatura juvenil?

THALITA REBOUÇAS - É a minha praia. Não gosto dessa mistura infanto-juvenil. Acho meio caído isso! Criança gosta de ser considerada jovem, mas jovem odeia ser tratada como criança. Escrevo para jovens de todas as idades: elas podem ter 12, 16 ou 9 anos. O retorno é muito legal. O adulto fala apenas “Parabéns, o seu livro é legal” e os jovens já vibram e querem te dar um abraço. Eu amo escrever para adolescente! Fisgar novos leitores, fazer com que eles passem a gostar de livros e criem o hábito de ler: esse é o meu trabalho, é o meu prazer.

Click(IN)VERSOS – Sente vontade de escrever para o público adulto?

THALITA REBOUÇAS - Nãoooo! Gente grande é chata! (RISOS). Eu gosto dessa galera, é muito mais legal escrever para jovens! Acho que já tem muita gente que escreve bem para os adultos, os jovens são mais carentes de escritores.

Click(IN)VERSOS – Qual a intenção de escrever para o público jovem?

THALITA REBOUÇAS - A pré-adolescência é uma fase em que os jovens começam a implicar com o livro. Eu tenho a chance de fazer com que eles percam essa implicância, que eles passem a achar que ler é tudo de bom. E eles acabam dando muito mais valor. Eu me sinto tão feliz escrevendo para essas pessoas que nem acredito que este é o meu “trabalho”.

Click(IN)VERSOS – Você acha que os jovens da era digital ainda estão interessados em comprar livros? Como é a sua relação com a Internet?

THALITA REBOUÇAS – Sim, eles estão interessados sim, sou a prova disto! Hoje acho a Internet primordial. No Orkut, eu já tenho quase 9 mil amigos. E todos os perfis que estão lá são meus! Se você achar um fake, você me fala tá?! Eu que respondo tudo! E ainda tenho um site que está entrando em reforma para ficar mais lindo. Eu estou sempre em contato com os leitores, que vivem me inspirando.

Uma mãe interrompe a entrevista para falar: Thalita, tenho que falar como você! Faça essas meninas lerem! A minha filha Isadora estava com muita dificuldade de leitura, depois que comprou o primeiro livro seu não pára de ler. Até sobre outros livros ela já tem interesse...

THALITA REBOUÇAS - Ah, que coisa boa, mãe! Ela falou uma coisa linda. Eu acho que é por isso que eu escrevo, está vendo?!

Click(IN)VERSOS – A maior parte do seu público é de meninas. Você não tem nenhum projeto para os meninos?

THALITA REBOUÇAS - Não, tenho... Eles vivem me cobrando, mas não tenho ainda. Eu sou a maior “peruinha”, mas eu prometo fazer algo pra frente.

Click(IN)VERSOS – O que você lia na infância e na adolescência?

THALITA REBOUÇAS - Eu lia Monteiro Lobato. Meu avô lia para mim antes de eu dormir. Acho que passei a gostar de história nessa época. Quando eu tinha 14 anos, descobri Sabino, Veríssimo, Ubaldo e me apaixonei pela profissão. Foi quando comecei a querer me tornar escritora e levar a coisa a sério.

Click(IN)VERSOS – E hoje em dia você lê o quê?

THALITA REBOUÇAS - Hoje eu leio de tudo! Acabei de ler ‘A Invenção de Morel’, de Adolfo Bioy Casares. Eu amo Saramago; continuo apaixonada por Sabino e Veríssimo... Outro dia encontrei com o Veríssimo numa livraria e “tietei” ele, abracei, foi muito engraçado.

Click(IN)VERSOS – E de poesia, você gosta?

THALITA REBOUÇAS - Eu quase não leio poesia, mas gosto muito de Affonso Romano de Sant’Anna.

Click(IN)VERSOS – No fim do ano passado, “Fala Sério, Mãe!” foi levado aos palcos cariocas. O sucesso da peça surpreendeu você?

THALITA REBOUÇAS - Pode parecer pretensioso, mas não. O livro, mesmo depois de três anos de lançado, ainda vende muito. Investi porque acreditei que no teatro o sucesso se repetiria. Acho que ganhei novos leitores com o teatro - muita gente saía de lá e comprava o livro na livraria da frente... Toda noite eu ficava uns 40 minutos autografando depois da peça. Tudo de bom!

Click(IN)VERSOS – Você já recebeu alguma proposta para televisão?

THALITA REBOUÇAS - Sim, eu já tive. Algumas pessoas já me “cantaram” em relação a isso. Quem sabe não rola alguma coisa? Nada concreto, mas vamos ver...

Click(IN)VERSOS – Você sente algum preconceito em relação à literatura que você escreve?

THALITA REBOUÇAS - Não, eu acho que não. Pelo menos não que eu tenha percebido. Graças a Deus, né?! Tomara que eu não sinta, então.

Click(IN)VERSOS – Como funciona o seu processo de trabalho?

THALITA REBOUÇAS - Eu sou super disciplinada, escrevo todos os dias. Estou o tempo inteiro trabalhando. Ando sempre com um gravador na bolsa para quando surge alguma idéia. Mas é tudo muito gostoso...

Click(IN)VERSOS – Como serão os próximos trabalhos?

THALITA REBOUÇAS - Temos “Uma Fada Veio Me Visitar”, que é mais infantil, e depois vem “Tudo por...”. E já estou pensando nos próximos. Sou obsessiva, workholic mesmo. Acordo escritora e vou dormir escritora, penso em livros e em letras o dia inteiro e ando sempre com as antenas ligadas, na praia, nas festas, no bar, no elevador...

Click(IN)VERSOS – O que você falaria para os jovens que desejam se tornar escritores?

THALITA REBOUÇAS - Para não desistir. É muito difícil, mas não desistam! Se for o sonho tem que correr atrás. Eu batalhei e consegui, sem nenhum QI (Quem Indica) e estou aqui.

Então, não desistam!

Fonte .
wwwb.click21.mypage.com.br/myblog/visualiza_b...


PS: Se você se interessou pelos livros da Thalita Rebouças procure a nossa SALA DE LEITURA.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Os Gregos no século V a.C.

Mitologia Grega

O Mundo Romano no Apogeu do Império

Monumentos Insuperáveis - Egito

Conto de Assombração: Maria Angula


MARIA ANGULA


Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe.

Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para jogá-los uns contra os outros.

Por isso tinha fama de leva-e-traz, linguaruda, e era chamada de moleca fofoqueira.
Assim viveu Maria Angula até os dezesseis anos, decidida a armar confusão entre os vizinhos, sem ter tempo para aprender a cuidar e a preparar pratos saborosos.
Quando Maria Angula se casou, começaram os seus problemas.

No primeiro dia, o marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a menor idéia de como prepará-la.
Queimando as mãos com uma mecha embebida em gordura, acendeu o carvão e levou ao fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso: não fazia idéia de como continuar.
Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mercedes, cozinheira de mão cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá.
– Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com miúdos?
– Claro, dona Maria. É assim: primeiro coloca-se o pão de molho em uma xícara de leite, depois despeja-se este pão no caldo e, antes que ferva, acrescentam-se os miúdos.
– Só isso?
– Só, vizinha.
– Ah – disse Maria Angula –, mas isso eu já sabia!
E voou para a sua cozinha a fim de não esquecer a receita.
No dia seguinte, como o marido lhe pediu que fizesse um ensopado de batatas com toicinho, a história se repetiu:
– Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz o ensopado de batatas com toicinho?
E como da outra vez, tão logo a sua boa amiga lhe deu todas as explicações, Maria Angula exclamou:
– Ah! É só? Mas isso eu já sabia! – E correu imediatamente para casa
a fim de prepará-lo.
Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando.

Maria Angula vinha sempre com a mesma história:

“Ah, é assim que se faz o arroz com carneiro? Mas isso eu já sabia!

Ah, é assim que se prepara a dobradinha? Mas isso eu já sabia!”.

Por isso a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte…
– Dona Mercedinha!
– O que deseja, dona Maria?
– Nada, querida, só que meu marido quer comer no jantar um caldo de tripas e bucho e eu…
– Ah, mas isso é fácil demais! – disse dona Mercedes.

E antes que Maria Angula a interrompesse, continuou:
– Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado.

Depois espere chegar o último defunto do dia e, sem que ninguém a veja, retire as tripas e o
estômago dele.

Ao chegar em casa, lave-os muito bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas. Depois que ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está pronto. É o prato mais saboroso que existe.
– Ah! – disse como sempre Maria Angula. – É só? Mas isso eu já sabia!
E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada
do defunto mais fresquinho.

Quando já não havia mais ninguém por perto, dirigiu-se em silêncio à tumba escolhida.

Tirou a terra que cobria o caixão, levantou a tampa e…

Ali estava o pavoroso semblante do defunto!

Teve ímpetos de fugir, mas o próprio medo a deteve ali.

Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma, duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o estômago.

Então voltou correndo para casa.

Logo que conseguiu recuperar a calma, preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo-se os beiços.
Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam,
escutaram-se uns gemidos nas redondezas.

Ela acordou sobressaltada.

O vento zumbia misteriosamente nas janelas, sacudindo-as, e de fora vinham uns ruídos muito estranhos, de meter medo a qualquer um.
De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas.

Eram os passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e retumbante, e que se deteve diante da porta.

Fez-se um minuto eterno de silêncio e logo depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente
de um fantasma.

Um grito surdo e prolongado paralisou-a.
– Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Maria Angula sentou-se na cama, horrorizada, e, com os olhos esbugalhados de tanto medo, viu a porta se abrir, empurrada lentamente por essa figura luminosa e descarnada.
A mulher perdeu a fala.

Ali, diante dela, estava o defunto, que avançava mostrando-lhe o seu semblante rígido e o seu ventre esvaziado.
– Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Aterrorizada, escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo, mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e arrastarem-na gritando:
– Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou da minha santa sepultura!
Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha procurado por ela em toda parte, jamais soube do seu paradeiro.

Contos de Assombração

Conto de Assombração: Encurtando caminho


Encurtando caminho

Tia Maria, quando criança, se atrasou na saída da escola, e na hora em que foi voltar para casa já começava a escurecer.

Viu uma outra menina passando pelo cemitério e resolveu cortar caminho , fazendo o mesmo trajeto que ela.
Tratou de apressar o passo até alcançá-la e se explicou:
– Andar sozinha no cemitério me dá um frio na barriga!

Será que você se importa se nós formos juntas?
– Claro que não.

Eu entendo você – respondeu a outra.

– Quando eu estava viva, sentia exatamente a mesma coisa.

Do livro Sete histórias para sacudir o esqueleto. De Ângela Lago,
Editora Companhia das Letrinhas, São Paulo, 2002.

Conto de Assombração: O Baile do Caixeiro-viajante


O baile do caixeiro-viajante


Sábado é dia de baile, tanto na roça quanto na cidade.
Numa cidade pequena do interior o baile é sempre um grande acontecimento. Melhor situação para namorar e para arranjar namorado não tem.
O sábado é um dia muito propício para o nascimento de grandes amores.

Pois foi num baile de sábado que o moço de fora apaixonou-se por uma donzela da terra. Foi mais ou menos assim que aconteceu.

Leôncio, sim, era esse o seu nome, conheço bem sua incrível história de amor.
Leôncio era um caixeiro-viajante da capital e vinha à cidade uma vez por mês prover de mercadorias as vendas do lugar.

Ia e voltava no mesmo dia, mas houve algum problema com sua condução e daquela vez ele teve que dormir na cidade.

Cidade pequena, sem muitos atrativos, o que se poderia fazer à noite para distração?

Era dia de baile na cidade, um sábado especial, e uma orquestra de fora tinha sido contratada.
O moço do hotel que servia o jantar comentou:
– Seu Leôncio, este baile o senhor não pode perder.
E não podia mesmo, mal sabia ele.
Leôncio mandou passar o terno e foi ao baile.
Gostava de dançar, sabia até dar uns bons passos, mas era tímido, relutava em tirar as moças.
Passou boa parte do tempo de pé, apreciando, bebericando um vermute só para ter o que fazer com as mãos.
Por volta de meia-noite sentiu que chegava o sono e pensou em se retirar.
Foi quando viu Marina entrar no salão.

Ficou sabendo depois que seu nome era Marina.
Marina chegou só e, ao entrar, passou junto a Leôncio.

Bem perto dele ela parou e se virou para trás.
– Oh! Deixei cair minha chave no chão.
Ela falava consigo mesma, distraída que estava, mas para Leôncio, que tudo ouviu atentamente, suas palavras funcionaram como uma deixa.

Ele se abaixou rapidamente, pegou a chave do chão e a estendeu à sua dona.
Antes que ela dissesse qualquer coisa ele falou:
– Pode agradecer com uma contradança, senhorita.
– Marina, meu nome é Marina. Sim, vamos dançar.
Dançaram aquela contradança e mais outra e outras mais.

Dançaram o resto da noite, até o baile terminar.
Parecia que os dois eram velhos parceiros de dança, tão leves e tão graciosos eram seus passos.
Leôncio se sentia completamente enlevado, como se o encontro com a bela dançarina fosse um presente enviado pelo céu.
Presente que ele nem merecia, chegou a pensar. Agradeceu à providência ter permanecido na cidade.
Já nem queria ir embora no dia seguinte.
Em nenhum momento Marina fez menção de o deixar para encontrar amigos ou conhecidos no salão.

Ele tinha a sensação de que ela fora ao baile só por ele, de que era com ele que queria dançar a noite toda.
Não teria namorado, noivo, marido?
Muitas paixões chegam enquanto se dança.
Leôncio apaixonou-se por Marina ao dançar com ela.
Então, a orquestra tocou a música de encerramento e o baile acabou, já era alta madrugada.
Leôncio insistiu em acompanhar a moça até sua casa.

Ela aceitou a companhia, era perto, iriam a pé.
Estava frio lá fora, uma fina garoa molhava as calçadas.

Na portaria do clube Leôncio pegou a capa que tinha deixado ali guardada.

Ele tinha uma capa da qual nunca se separava.

Viaja a muitos lugares diferentes, enfrentando os climas mais imprevisíveis.

A capa era sempre o abrigo garantido.
Leôncio ofereceu a capa à companheira para que se protegesse do mau tempo.
– Para você não se resfriar, faz frio.
Ela aceitou, vestiu o sobretudo e os dois foram andando pelas calçadas.
Caminhavam de mãos dadas, como namorados, falavam pouco, só o essencial.
Próximo à saída da cidade, a moça disse ao caixeiro-viajante:
– Despedimo-nos aqui.
E explicou por quê:
– Não fica bem você ir comigo até onde moro.
– Está bem, como quiser – ele consentiu.
Começando a despir o sobretudo, ela disse:
– Leve sua capa.
– Não, fique com ela. Está frio.
E completou:
– Depois você me devolve.
Era difícil para Leôncio deixar a moça ir, mas havia a possibilidade do amanhã e do futuro todo.
Ele propôs, com o coração na mão:
– Amanhã, às oito a noite, em frente à matriz?
Ela assentiu e o beijou.
A garoa fria tinha se transformado em densa neblina, mal se vislumbrava a luz dos postes de iluminação.
O silêncio reinava soberano.
Um cão uivou ao longe.
Leôncio viu Marina desaparecer na bruma da madrugada.

Com as mãos nos bolsos e o corpo retesado pela friagem, o caixeiro retornou ao hotel.
O dia seguinte foi de grande ansiedade, mas finalmente a noite chegou para Leôncio. Muito antes da hora marcada lá estava ele em frente à igreja esperando por Marina.
Só quando o relógio da matriz bateu doze badaladas
Leôncio aceitou com tristeza que ela não viria mais.

Temeu que alguma coisa grave tivesse acontecido. Tinha certeza de que ela gostara dele tanto quanto ele gostara dela.

Alguma coisa grave teria acontecido.
Ele ia descobrir.
Era tarde e só restava ir dormir, mas na manhã seguinte, mal se levantou, já foi perguntando pela moça.

Na rua, no largo da matriz, em todo lugar, interrogava sobre a moça e nada.
Estranhamente ninguém sabia dizer quem era ela.

Numa cidade pequena todo mundo se conhece, todos sabem da vida de todos, todos se controlam, vigiam-se uns aos outros.

A fofoca é cultivada como se fosse uma obrigação, como se representasse um dever cívico.
Uma linda moça da cidade vai ao baile desacompanhada, dança a noite toda com um desconhecido e ninguém sabe quem ela é?
Ele continuou perguntando por sua dançarina.
Foi aos armazéns e lojas que tinha como clientes, descrevia a moça, dizia seu nome e ninguém sabia dizer quem era a donzela.
– Aquela com quem dancei ontem a noite toda.
Ninguém tinha visto.
Desanimado, voltou para sua hospedagem.
Então um velho se apresentou, era um empregado do hotel, empregado que Leôncio nunca tinha visto, nem nessa nem em outras estadas na cidade.
Era alto, magro e de uma palidez desconcertante.
O velho empregado do hotel lhe disse:
– Moço, conheci uma tal Marina igualzinha à sua.
E completou, baixando a voz respeitosamente:
– Mas ela está morta, morreu há muito tempo.
Disse que a moça pereceu num desastre de carro, quando estava fugindo para se casar com um caixeiro-viajante, casamento que a família dela não queria, de jeito nenhum.
Leôncio ficou chocado com a história, que absurdo!

Imaginar que se tratava da mesma pessoa!
– Nem pensar.

Eu a tive nos braços a noite toda!
Mas o velho funcionário insistiu:
– No túmulo dela tem a fotografia, quer ver?
– Não pode ser, é um disparate, mas quero ver.
O velho não se fez de rogado.
Em poucos minutos estavam os dois subindo a ladeira que levava ao afastado cemitério da cidade.
Com a cabeça girando, cheio de dúvidas e incertezas, Leôncio se perguntava:
– O que é que eu estou fazendo aqui?
Chegaram ao portão do campo-santo e o velho disse a Leôncio que entrasse sozinho. Não gostava de cemitérios, desculpou-se.

Explicou como chegar ao túmulo da moça, despediu-se com uma reverência e foi embora.
Não foi difícil para o caixeiro-viajante encontrar a campa que seu acompanhante descreveu com precisão.
A tardinha se fora, escurecia, a noite já caía sobre o cemitério.
A neblina voltava a descer e esfriara um pouco. Leôncio sentia frio, tremia, mas podia enxergar perfeitamente.
Estava de pé diante da tumba.

E o retrato da defunta que ali jazia era mesmo o dela.
“Aqui descansa em paz Marina, filha querida”, era o que dizia a inscrição em letras de bronze, havia muito tempo enegrecidas, fixadas sobre o mármore gasto da lápide mortuária.
O olhar aturdido de Leôncio desviou-se do retrato, não queria ver mais o rosto amado aprisionada na pedra pela morte.

Triste desdita a do viajante, havia mais coisa para ver ali.
Uma tragédia nunca se completa sem antes multiplicar o desespero.
O olhar de Leôncio subiu em direção à parte alta do sepulcro.

Na cabeceira do jazigo estava uma peça que lhe era bastante familiar.
Sentiu um calafrio lhe percorrer a espinha, tinha as pernas bambas, o coração disparado.
Aproximou-se mais do túmulo para ver melhor.
Estendida sobre a sepultura, à sua espera, repousava sua inseparável capa.


Fonte: Prandi, Reginaldo. Minha querida assombração. São Paulo:
Companhia das Letrinhas, 2003.

domingo, 1 de novembro de 2009

Halloween

O Halloween é uma festa comemorativa celebrada todo ano no dia 31 de outubro, véspera do dia de Todos os Santos. Ela é realizada em grande parte dos países ocidentais, porém é mais representativa nos Estados Unidos.

Neste país, levada pelos imigrantes irlandeses, ela chegou em meados do século XIX.



História do Dia das Bruxas


A história desta data comemorativa tem mais de 2500 anos.


Surgiu entre o povo celta, que acreditavam que no último dia do verão (31 de outubro), os espíritos saiam dos cemitérios para tomar posse dos corpos dos vivos.


Para assustar estes fantasmas, os celtas colocavam, nas casas, objetos assustadores como, por exemplo, caveiras, ossos decorados, abóboras enfeitadas entre outros.


Por ser uma festa pagã foi condenada na Europa durante a Idade Média, quando passou a ser chamada de Dia das Bruxas.


Aqueles que comemoravam esta data eram perseguidos e condenados à fogueira pela Inquisição.


Com o objetivo de diminuir as influências pagãs na Europa Medieval, a Igreja cristianizou a festa, criando o Dia de Finados (2 de novembro).


Símbolos e Tradições


Esta festa, por estar relacionada em sua origem à morte, resgata elementos e figuras assustadoras.


São símbolos comuns desta festa: fantasmas, bruxas, zumbis, caveiras, monstros, gatos negros e até personagens como Drácula e Frankestein.


As crianças também participam desta festa.


Com a ajuda dos pais, usam fantasias assustadoras e partem de porta em porta na vizinhança, onde soltam a frase “doçura ou travessura”.


Felizes, terminam a noite do 31 de outubro, com sacos cheios de guloseimas, balas, chocolates e doces.


Halloween no Brasil


No Brasil a comemoração desta data é recente.


Chegou ao nosso país através da grande influência da cultura americana, principalmente vinda pela televisão.


Os cursos de língua inglesa também colaboram para a propagação da festa em território nacional, pois valorização e comemoram esta data com seus alunos: uma forma de vivenciar com os estudantes a cultura norte-americana.


Muitos brasileiros defendem que a data nada tem a ver com nossa cultura e, portanto, deveria ser deixada de lado.


Argumentam que o Brasil tem um rico folclore que deveria ser mais valorizado.


Para tanto, foi criado pelo governo, em 2005, o Dia do Saci (comemorado também em 31 de outubro).

*****
Para comemorar o Dia do Halloween os alunos do Grêmio organizaram uma bela festa onde a harmonia e alegria estiveram presentes durante todos os momentos.

Nossa Diretora Simone também prestigiou a festa.















Parabéns a todos!

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